Dependência Química
O que são as drogas?
Há milênios de anos as drogas são utilizadas pela humanidade com ou sem dependência química. A presença das drogas revelou-se de múltiplas formas em diferentes sociedades ao longo da história, com uma presença constante. Inúmeros são os motivos da sua utilização pelo homem, como a nutrição física, através de remédios para as suas doenças, para alimentar sonhos ou alcançar o transcendente, influenciar o humor, buscar a paz ou a excitação, enfim, simplesmente para abstrair do mundo que o cerca e o perturba em dado momento da sua existência.
Droga, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), é qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento.
A Dependência Química por sua vez é definida como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de determinada substância. É instalada a partir do momento em que ocorre um padrão descontrolado desse uso estabelecendo uma relação disfuncional entre a droga e o indivíduo. É entendida como uma doença complexa e grave que envolve aspectos biopsicossociais, pois modifica o modo que o dependente percebe o mundo, as pessoas e a sua relação com a droga.
Quais tipos de drogas existem?
Existem drogas lícitas e ilícitas, as primeiras são as substâncias químicas que não são proibidas por lei e as segundas as proibidas com as devidas punições. Exemplos de drogas lícitas: álcool, cigarro, benzodiazepínicos, opioides. Exemplo de ilícitas: maconha, cocaína, sintéticos, inalantes, alucinógenos, etc. Devendo ser reiterado que apesar de algumas drogas serem lícitas, isso não descarta o potencial de risco das mesmas, pelo contrário ele até aumenta devido a livre oferta.
Uma outra classificação comum das drogas é feita em relação à sua atividade cerebral:
- Drogas depressoras, que diminuem a atividade mental, exemplo: ansiolíticos (tranquilizantes), álcool, inalantes, narcóticos (morfina, heroína)
- Drogas estimulantes, que aumentam a atividade mental, como a cafeína, tabaco, anfetamina, cocaína, crack
- Drogas perturbadoras, chamadas de alucinógenas: LSD, ecstasy, maconha e seus derivados, cogumelos e outras.
Como é feito o diagnóstico de Dependência Química?
A avaliação inicial visa identificar os sinais e sintomas que caracterizam a dependência obedecendo a confirmação dos seguintes critérios diagnósticos:
- A perda do controle do uso da droga – o usuário não consegue interromper ou uma vez que começa a usar não consegue controlar a quantidade
- A substituição progressiva de atividades importantes como o lazer ou trabalho pelo uso da droga
- A persistência do uso da droga apesar das suas consequências negativas
- A presença de fissura, ou, seja, uma vontade incontrolável de usar a droga
O uso problemático pode estar acompanhado de transtornos psiquiátricos como depressão, ansiedade, transtornos psicóticos e de personalidade. Por isso, é sempre aconselhável uma entrevista aprofundada com especialista, pois não há melhora significativa da dependência sem a correta estabilização do transtorno de base.
Como funciona o tratamento?
Os princípios gerais para o tratamento da Dependência Química permeiam uma série de avaliações, são elas:
- Anamnese ou Entrevista detalhada sobre o padrão de consumo atual e passado
- Avaliação clínica e psiquiátrica global com exame físico e psíquico
- História de tratamentos anteriores e seus resultados
- Histórico familiar
- Estrutura de rede de apoio, fase motivacional, fatores de risco e proteção e outros
Além disso, há a necessidade de avaliar individualmente a modalidade do tratamento a ser proposto, se em regime ambulatorial, semi-intensivo, também chamada Clínica-dia, ou se em regime fechado de internação, podendo ser domiciliar ou hospitalar. A internação poderá ser dividida em internação voluntária (com a concordância do paciente), involuntária (sem a concordância do paciente, mas com indicação médica ou responsabilização de familiares) e a compulsória (ordem judicial).
É muito importante conhecer o perfil do paciente para melhor elaboração de estratégias de tratamento buscando a integração desses indivíduos à família e sociedade. A recuperação envolve reabilitação, reaprendizagem ou restabelecimento da capacidade de manter um estilo de vida positivo.
O primeiro passo para o tratamento é a conscientização da perda de controle e necessidade de pedir ajuda, considerando haver vontade própria para dar início a recuperação. Um fator de extrema importância ao tratamento é o envolvimento e apoio familiar, criando uma real estrutura de suporte para o paciente. Sendo de igual importância o apoio terapêutico aos familiares, visto que também são vítimas primárias do processo de dependência.
É mandatória a realização da avaliação psiquiátrica criteriosa a fim de averiguar a ocorrência de um quadro de transtorno mental coadjuvante à problemática das drogas. Se houver doença mental de base faz-se necessário o seu tratamento adequado, evitando assim futuras recaídas.
Existem remédios para ajudar no tratamento?
Sim. O tratamento medicamentoso, visa tratar a intoxicação, a síndrome de abstinência ou a síndrome de dependência das substâncias psicoativas. Há uma série de medicações que facilitam o tratamento da dependência química atuando de forma por vezes aversivas, substitutivas ou bloqueadoras dos efeitos das drogas no Sistema Nervoso Central. A terapia farmacológica facilita o processo de readaptação e desintoxicação com mais facilidade e menores sintomas de abstinência.
Terapias e grupos de auto-ajuda
O tratamento pode ser dividido em não-medicamentoso e medicamentoso. O tratamento não-medicamentoso pode ser feito através de psicoterapia de apoio, terapia familiar, grupos de auto-ajuda (AA, NA, Amor exigente), terapia ocupacional, assistência social e outros.
Suspeito que meu filho está com problemas com drogas, e agora?
Existem alguns sinais que facilitam o reconhecimento de que um filho poderia estar usando drogas como:
- Mudança comportamental
- Oscilação de humor
- Impaciência
- Irritabilidade
- Nervosismo
- Agressividade
- Insônia
- Sintomas ansiosos e depressivos
- Dificuldade em se concentrar
- Isolacionismo
- Apatia
- Atitudes desafiadoras e de oposição.
Se isso ocorrer os pais deverão orientar seus filhos e buscar ajuda profissional imediata.
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Dra Fernanda Castro Dantas
Psiquiatra
CRM 23117
RQE 13941
Obrigado Dra Fernanda. Muito esclarecedor.